quarta-feira, 5 de novembro de 2008

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Conheci minha ex-mulher em Madri, na Espanha, em 1990. A gente se apaixonou e seis meses depois foi morar junto em Amsterdã, onde ela nasceu. Ficamos casados durante cinco anos. O começo foi ótimo, mas no final tudo ficou frouxo. Transávamos pouco. Nesse período tive um caso com uma menina, nada sério, nem chegamos a transar, só teve beijo. Minha mulher percebeu e contei tudo. Senti muita culpa e não soube esconder. Ela ficou muito brava, chorou, mas não quis se separar. Foi a primeira e única vez que eu a traí. Curiosamente, a relação melhorou, o sexo ficou ótimo, não brigávamos mais. Porém, logo depois ela começou a ficar distante. Aproveitei que ela viajou e fucei as suas coisas. Para minha surpresa, achei cartas de um cara e também dela, que ainda não tinham sido enviadas. Ela escreveu que tinha gostado muito da noite em que estiveram juntos -ficava claro que ainda não tinha rolado sexo, mas que ela gostaria de vê-lo novamente. Tive muita raiva. O fato de eu ter tido um caso antes não me importava, me senti injustiçado. Esperei dois dias até ela voltar de viagem e tivemos uma briga pesada. Falei que ela era uma grande mentirosa, nós dois fomos muito agressivos. Essa discussão foi um trauma na relação. Ela pediu desculpas, disse que me amava e que queria continuar. No mesmo dia fizemos as pazes, e eu a perdoei.
O relacionamento passou por altos e baixos durante alguns meses, até cair de novo no marasmo. Ela estava distante, nós morávamos na Europa e ela passou a ir sempre com uma amiga para Madri -viajar com amigos era normal entre a gente, mas senti algo estranho. Fiquei muito inseguro, comecei a pirar, a fuçar de novo as coisas dela. Foi um momento doentio, uma falta de confiança total e muito dolorosa. Cheguei a perguntar se ela estava a fim de alguém em Madri, ela negou. Quando começaram a chegar cartinhas da Espanha em casa, abri uma escondido e saquei que ela estava namorando alguém lá. Desta vez não deu para perdoar. Vi que ela não queria se separar até ter certeza do que sentia pelo outro cara. Foi muito egoísta, com a desculpa de não querer me machucar, acabou me ferindo muito mais. Não me isento de culpa, sei que em algumas brigas eu fui cruel com ela, ultrapassei o limite do respeito. Mas, no dia em que ela confirmou a traição, fiquei desesperado. Eu pensava: 'não é possível, ele deve ter um pintão'. Dá uma neura forte. Cheguei a perguntar como tinha sido o sexo, se ela tinha orgasmos. Ela disse que transar com ele era um pouco melhor, fiquei arrasado. Saí de casa, mas ficava planejando chegar na porta da casa dela enquanto eles estivessem transando e fazer um escândalo, também queria que ela soubesse quando eu saísse com outra mulher.
A relação acabou com muita mágoa, e depois eu me sentia inseguro, achava que não era bonito, que era ruim de papo e de cama. Tive vontade de morrer, passei muito mal, foi extremamente doloroso. Eu sentia vergonha de me abrir, mas falar com os amigos sobre isso me aliviava. Acho que infidelidade é mais difícil para o homem, a gente se sente triplamente traído: na cabeça, no coração e no sexo. Faz quatro anos que tudo aconteceu, mas ficaram seqüelas, me tornei cético em relação às mulheres. Eu me apaixonei de novo, tenho um namoro longo, mas não foi isso que me curou, e sim a passagem do tempo."
Antônio, 31 anos, arquiteto

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